O frio que queima os ossos, o aroma fétido do bueiro, a fome que parece como traças consumindo o ventre de dentro para fora, os trapos que se decompõe na carne, a sujeira que encarde a dignidade. Ainda não é pior que a dor da indiferença.
Francisco imaginava a vida como uma fumaça que na brisa navegava em valsa. Questiona-se se alguém se recordaria dele, se sentiria sua falta, se lembraria seu nome, ou se ao menos acharia estranho aquele pedacinho da praça vazio.
Pessoas que vem e vão, fingem que não reparam. Um lindo cachorrinho que acabara de sair do petshop desfilando com sua roupinha nova, perfuma o ar, e com seu jeito infantil de filhote arranca um sorriso de Francisco.
Do outro lado da praça, uma senhora de cabelos grisalhos e blusa de seda vermelha e azul, alimentava os pombos com pequenos pedaços de pães que sobraram do café da manhã. O jeito como as pombas disputavam o alimento de alguma maneira arrancaram outro sorriso de Francisco. As migalhas misturavam-se com as folhas que caiam das copas. Admirava a poesia dançante das folhas que iam com o vento, e assim sorrindo, com as folhas foi levado pelo vento.
terça-feira, 8 de julho de 2008
O sorriso de Francisco
Postado por Kae Stefanini às 04:57
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1 comentem aki!:
ainda nãoo me explicou >.<
♥
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